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22-03-2010

apontamento #1

Deixai-me ser mais discreto e mais parco em palavras, que por pouco ainda perco o bocado da história que deixei por escrever.

 

falemos

Diz-me a verdade e não escondas a razão das tuas lutas. Conta-me tudo, porque eu quero. Só te vou esquecer se te lembrares sempre de mim. E eu não esqueço. Nunca esqueço... E já não quero!

1&2

Um medo que eu tenho

é querer-te mais do que posso

Mas eu posso

querer-te mais que o meu medo

insustentável

e na cara da amante ele não dá um gesto que saia da sua consideração racional das coisas comuns entre amantes, não frequentes e ausentes das rotinas maçadoras de dois corpos atraentes. atraídos pelo sexo e mais nada que os ligue àquela cama a não ser uma vontade do que arde e do que querem que lhes arde nas entranhas e que amanhã nem se olhem, por favor.

21-03-2010

Bells Are Ringing

sempre que tocas...

16-03-2010

23-11-2010

Embora encontre na minha vida

Alguns pontos de sanidade

Não sei se os agito,

Não sei se os consumo,

Depois do prazo de validade.

15-03-2010

M.

Os teus dedos, esguios e delicados, pousam sobre o copo e a folha de papel como um desenho feito por ti. Daqueles do caderno que trazes a lápis traçado e de risco marcado. E amanhã amarei mais ainda e serás o teu corpo e os teus dedos e mãos que eu já gosto. E mais esguio e outro copo nos dedos e boca e lábios no vidro do copo. E uma folha inteira e o meu desenho na folha. E os teus dedos esguios e delicados pousam sobre o copo e a folha de papel como um desenho feito por ti.

sexto andar

Corpo cansado
e mente dorida
alma presente
a meu lado
na morte e em vida
encontrei-te de frente
és gente

sei que este céu
é tão negro
quisesse eu encontrar
outra cor
como a tua

se possível, que nua
teu corpo
e os teus olhos
continuam-me a matar

rasga o teu sangue
encontrado no chão
diz-me verdades,
que eu sinta, de facto
da forma que vier
e que der
para sentir

enruga-me a pele
de tanto me agarrares
e agarra-te bem a mim

para quando saltarmos
do sexto andar das coisas
que somos
e eu queria que fossemos
muito mais coisas
seremos.

vestida

Por que voltas encontraste esta rua, se na praça não me viste pintado. E tu, nua, para mim... O teu corpo é de um dia lá longe. E uma cama para nós, nessa rua. É de calma que faço esta espera e é de espera que é feita esta luta... E à janela, que dá para a rua, tu estás. Mas vestida. De azul. Até já...

10-03-2010

vejo

Talvez seja um devaneio romântico e sem sentido, mas eu vejo-te junto a mim e nós os dois sentados atrás dum monte, junto ao mar. E o mar por baixo de nós e nós por baixo do céu cinzento e o frio a enregelar-nos o corpo e as almas quentes. E os olhos a olhar-nos os dois. Sozinhos. E as mãos a tocarem-se, uma à outra, agarradas. E mais tarde, os corpos deitados. Eu vejo-nos deitados, os dois na mesma cama onde havemos de dormir para sempre. Vejo isto e muito mais contigo. Não sei onde.