16-02-2013
poesia?
terei eu poesia?
nos dedos e nos olhos das mãos
farei eu matéria de filme ou de verbo
que de um corpo inanimado se anime ao vento
e ao som de harmonias sem tempo. atonais.
outonais, veranis, temporais, enxurradas.
farei eu matéria de tudo e de nada.
montagem. colagem. plano, picado.
vamos fazer intemperis de vez
tu não vês e eu acordo de noite
e levanto todas as pedras do chão.
e escrevo um guião.
esperarás até sempre?
se eu nunca encontrar uma história que seja
aguardarás até aos 50 por mim,
que eu saiba escrever
que um poema se veja.
pararei só uns dias.
desligarei a TV. eu prometo.
não verei mais que as cores todas juntas. o preto.
não ouvirei mais que a tua voz e a minha cá dentro.
silêncio!
permanecerei quieto e sem força na cama
fechado e trancado no quarto despido de nu.
mas com luz, que arde e que chama.
por mim. tu!
e escrevi este texto.
sem jeito, sem fundo, calor
ou conceito. no fundo de tudo.
sou eu!
vestir-me-ei a preceito para ti.
minha obra maior.
um dia. se um dia quiser
ainda hei-de escrever.
mas se um dia, se ainda tarde não for.
pelo menos teremos feito
amor.
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