05-04-2020
força.
É com as forças todas que correm nos rios e me correm nas veias,
que rapidamente me escondo e desisto da força
toda que me corre no sangue e me escorre das veias para fora do corpo
E tu vais lentamente ficando mais longe de mim
e da força toda que nos corre nas veias e nos escorre no chão
Sempre que juntos ficámos no leito do rio
por onde morrem as forças todas que tinha
e com a força toda que tenho e
Contudo, com tudo nas veias
elas morrem já secas, ainda que cheias
do sangue que me corre nas mãos.
01:48 | Permalink | Comentários (0)
03-04-2020
mer gulho.
mergulho-me afundado
na memória vívida de ti.
nado diariamente
cerca de dois quilómetros
das tuas lembranças
e lembro-me
aprofundadamente
de nós.
05:24 | Permalink | Comentários (0)
10-04-2017
futuro.
não me leves
assim leve
sem termo
dormente
para outro lado
sem gente
arrastado
doente
mas leva-me
assim leve
acordado
contente
para outro lado
com gente
cientes
daquilo que somos
seja novo esse lado
e cerramos os dentes
esquecemos quem fomos
e tal como acordado
futuro
presentes.
04:11 | Permalink | Comentários (0)
04-02-2016
que dances
não te irrites
apesar de ser interminável a espera.
é dura esta espera. é duro e só espero
que tudo anoiteça e acorde como antes
no escuro. eu só estou. e só espero
que tudo fique como tudo era antes.
mas cansa.
e que amanheçam os dias, futuro.
e que todos os dias no dia todo, escureça.
e que abras as trancas da porta e que grites.
e que dances. e grites.
e que sem que te irrites, tu danças.
e danças.
e danças.
e danças.
02:41 | Permalink | Comentários (0)
05-11-2014
arde a madrugada
arde a madrugada.
queimo-a viva, ou como-a deitada?
arde, arde madrugada.
06:46 | Permalink | Comentários (0)
22-08-2014
resumo
em braços
e na pedra, uma mão
prende-me a cabeça
anda às voltas comigo
mexe-me no corpo
não sei se serei.
há uma certa claridade na noite
e uma madrugada em cada dia
sei-me de mim e de ti
tu deitada. eu já vou
canto-me nas partes redondas da casa
mortalha a queimar
fumo desagradável no quarto, mas fumo.
abraço perdido
qual virgindade encontrada
obturador encravado
piano engasgado
ruído de fundo.
05:51 | Permalink | Comentários (0)
19-08-2013
sempre agosto.
duas estacas, um ponto morto. um recanto regado e flores à janela.
haverá coisa mais bela? que o amanhecer. ou madrugada despida.
tarde de flores vestida. e as cores todas do céu.
há o sol. e um rol de ideias que vêm. à cabeça
um cesto de pão como entrada. azeitonas. caroços no saco do lixo à porta do prédio.
que todos os dias anoiteça. e o amanhecer. que o amanhecer aconteça.
e eu ao teu lado. relativamente acordado. um corpo de barro. mas teu.
duas estacas, um ponto, e eu morto, as cores todas e o céu.
e a caixa de velocidades do carro.
03:14 | Permalink | Comentários (0)
16-02-2013
poesia?
terei eu poesia?
nos dedos e nos olhos das mãos
farei eu matéria de filme ou de verbo
que de um corpo inanimado se anime ao vento
e ao som de harmonias sem tempo. atonais.
outonais, veranis, temporais, enxurradas.
farei eu matéria de tudo e de nada.
montagem. colagem. plano, picado.
vamos fazer intemperis de vez
tu não vês e eu acordo de noite
e levanto todas as pedras do chão.
e escrevo um guião.
esperarás até sempre?
se eu nunca encontrar uma história que seja
aguardarás até aos 50 por mim,
que eu saiba escrever
que um poema se veja.
pararei só uns dias.
desligarei a TV. eu prometo.
não verei mais que as cores todas juntas. o preto.
não ouvirei mais que a tua voz e a minha cá dentro.
silêncio!
permanecerei quieto e sem força na cama
fechado e trancado no quarto despido de nu.
mas com luz, que arde e que chama.
por mim. tu!
e escrevi este texto.
sem jeito, sem fundo, calor
ou conceito. no fundo de tudo.
sou eu!
vestir-me-ei a preceito para ti.
minha obra maior.
um dia. se um dia quiser
ainda hei-de escrever.
mas se um dia, se ainda tarde não for.
pelo menos teremos feito
amor.
00:50 | Permalink | Comentários (0)
24-12-2012
pvt fb
Rasga-te. Amarrota-te e raspa-te. Abre-te como a janela. Senta-te como me sinto, cansado, a um canto. Rompe essas cordas. Acorda. Cerca-me os caminhos p'ra casa e salta esse muro. É tudo mentira. Foge. Escreve palavras minhas nas entrelinhas. E o que não dizes na cara dos outros, por ser duro, diz no muro. E põe like no fim.
04:04 | Permalink | Comentários (0)
10-09-2012
. .
Se não escrevo é porque não tenho sentido a vontade de falar às linhas acerca de ti. Porque te tenho guardado aqui dentro e olhado com os meus olhos a luz que tu és. E porque tenho escovado os sapatos contigo. E porque regressas às aulas comigo. E porque já vejo as horas no pulso. Tenho-te sentido o pulso todas as noites que dormes antes de mim. E tenho dito palavras mais doces que eu. Tu és. E eu sou. Somos ambos capazes de aguentar só mais um pouco de tempo assim. E a serra entre nós. E as estradas. E um país inteiro atravessado na nossa cama e o nosso sofá a fronteira. Já tivemos fronteiras no meio dos lençóis. És a pessoa que eu mais quero para sempre. E ficarei contigo até lá.
17:35 | Permalink | Comentários (0)