30-06-2011
.ct
E o céu começa a ganhar contornos de verde, da cor dos teus olhos. As linhas finas que sinto nos dedos são os teus cabelos lisos. E eu não os sinto ainda nos dedos. E eu não sei ainda escrever-te mais porque não sei. Ou sei bem de mais o que quero. Que é querer ver-te.
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28-06-2011
história
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18-06-2011
pára(r)
E se por uns minutos parasses. Se por uns segundos não pensasses. Calasses as vozes que tens aí dentro e de dentro de ti viesse uma força qualquer que te obrigasse a parar? E te deitasses na cama ou caísses todo junto no chão. Assim fraco, assim tonto. Assim morto. E se por uns segundos morresses? Só um bocadinho assim morto. Assim torto. Que tonto. Se parasses de pensar tanto nas coisas e se fosses p'rá rua. Se te envolvesses numa briga. Numa cena de rixa assim crua. Se ocupasses a cabeça com uma história não tua. Uma história qualquer, mas de outra pessoa. Uma cena de filme de acção, à toa. Devias parar um bocadinho para pensar em não pensar tanto. Qual é o espanto? Faz isso. Se por uns minutos parasses. Se por uns segundos não pensasses em nada e calasses as vozes que tens aí dentro... Quem te dera. Quem me dera, Pedro.
04:23 | Permalink | Comentários (0)
perto #31
Longe. Longe. Longe de Mim Querer-te Longe de Mim. Longe. Quero Ir para Longe Daqui. Para Perto de Mim. Para Longe de Ti. Mas Longe de Mim Querer-te Longe de Mim. Aqui Dentro Estás Perto. É Mais Certo Se Longe Estivermos Mais Perto. Mas Perto. Perto. Mas Longe. Longe de Aqui. Perto de Ti. Tu Perto de mim. Aqui. Aqui Perto. Aqui Longe. Longe.
04:11 | Permalink | Comentários (0)
17-06-2011
sim(não)
Não me rabisques os quadros
tão limpos e tão bem pintados
que estão por detrás desses estrados
Não me sujes as mãos com tinta da tua
dessa mania de andares nua
pela casa, à luz da lua, a passear
Não me desembrulhes ainda a prenda
deixa-me antes pagar a renda
e depois fazer-te o jantar
Não me contes os trocos todos
são já poucos os que me restam
Não me contes os teus engodos
ou as coisas que não prestam
Diz-me só coisas bonitas a mim
e o resto que se foda. Sim?
03:32 | Permalink | Comentários (0)
tueeu(ñhoje)
Reescrevo o texto todo outra vez
volto a olhar-te como quem olha a coisa mais certa.
Porque tu és incerta e imperfeição.
E eu também.
E o teu corpo é pequeno.
Tu tocas no alto dos telhados das casas,
sem da cama saíres.
Tu voas num anteceder dum sono profundo.
Tu acordas-me as manhãs todas de uma forma sincera
(sem saberes, sinceramente)
como as manhãs todas deviam ser.
E eu subo aos telhados por ti,
mas sem ti.
Tu desces à cave desta nossa já história.
Eu fecho a janela.
E tapo-nos aos dois.
Acordamos na madrugada
e respiramos-lhe o ar
03:06 | Permalink | Comentários (0)
medo
se há uma certa inclinação para o nervo, o nervo enerva-me de forma a deixar-me tenso. e nervoso. e o sentido das coisas que penso, são as coisas do mal, é a má-criação. é a forma mais feia de fazer as coisas que me apetecia fazer. há uma réstia de medo e de susto naquilo que sinto ou talvez seja apenas a minha eterna necessidade de ter uma mão a apertar-me a garganta ou talvez queira simplesmente talvez uma mão sobre a nuca. a dizer o que faça ou não faça, consoante a vontade. e que me passem paninhos já quentes nas costas e que encostem o seu corpo ao meu. de onde quer que a vontade se mude e se ajeite a esta forma de ser. e na vontade eu enrosco uma perna de onde quer que vier a saúde. e eu saúdo a estas coisas do bem que me fazes. fazias.
02:53 | Permalink | Comentários (0)
09-06-2011
caí(r)
Tu foste um segredo que eu fui sussurrando a mim mesmo. Mas a medo. E a medo e sem acreditar totalmente nessa verdade que nunca chegámos a ser. E eu fui construindo o muro que falo. E ergui tão alto esse muro, que é duro agora pensar que estava já quase desfeito quando me abriste o buraco no chão. E eu caí.
19:27 | Permalink | Comentários (0)
06-06-2011
deixa-me
Deixa-me enrolar-te e trocar-te os afectos. Deixa-te sentir-me e deixa que te sinta. Deixa isso. Deixa-me enrolar-te os pés pelas mãos e as mãos e os braços e os dedos e o corpo. Que te tire o vestido, que to vista. Que te dispa e me dispa contigo. Deixa-me dormir contigo. Ou deixa-me só acordar, que este sonho de ti não me deixa dormir. Deixa-te estar. Deixa-me estar. Não me deixes fugir e não fujas comigo. Não fujas. Deixa-me ver-te outra vez. E outra vez. E mais uma. Deixa lá. Deixa isso. Deixa isso para trás. Mas não deixes. Não deixes de me querer. Deixa-me segurar-te de pé. Deixa-me de pé. Deixa-me no chão ou por cima da cama. Deixa-me deixar-te hoje em casa. Deixa-me não ter de me despedir já de ti. Deixa-me abrir a janela e fechar esta porta. Deixa de estar tanto tempo tão longe e tão perto de mim sem que deixes que eu deixe de querer. Deixa que eu deixe de pedir que me deixes........
20:20 | Permalink | Comentários (0)
04-06-2011
repara(r)
Estou aqui. Repara em mim. Para que eu te repare os danos causados, eu sei bem pelo quê. Aumenta a intensidade da luz e observa-me e escuta-me, com muita atenção. Assiste sentada a este monólogo aborrecido e livremente inspirado em ti. Sobe um pouco mais os decibéis do som desta sala e deixa-me ficar muito mais tempo nesse sitio onde eu queria que fosse só eu a ficar, mais ninguém a não ser eu apenas, nesse sitio pequeno e feito à medida para mim. Dentro de ti. Nesse canto escondido no lado mais esquerdo do teu coração. Sim, do teu coração. Que tu tens. E sentir-te a tremer. E embalar-te essas quedas e quebras de tensão e levantar-te do chão. E tirar-te esse peso das costas. Tu gostas. E encostar-me a ti, nós os dois de costas com costas. Tu gostas. E pegar-te na mão. Isso não. Tocar-te no braço. E ficar. Nesse sitio pequeno e feito à medida, não sei se para mim. Dentro de ti.
15:02 | Permalink | Comentários (0)