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25-11-2007

notas dispersas

Subi a um palco ruidoso que era feito de estacas de lã
No papel de cenário estavam duas cabeças, ou três
Conforme a luz a cingir numa sombra em silêncio.

Bruto punho entre os braços que fechas
Forte soco na carne toda em sangue.

Na plateia está esse espectáculo que é o teu mau feito.

Reconheces algures a força das coisas,
Qual uma janela sempre em aberto
Só te resta esperar e só depois ver.

Mas o meu nome é certo
E a presença também.

01-11-2007

ou este

Vai, vai. Vai!
Entra na noite em nevoeiro cerrado
Não encerra ela por si uma só forte certeza
Mas acalma essa tua dor e a não ser na tristeza
Certo é que ali se esconde uma peste no Sul

Vai, vai. Vai!
Vê-te aqui e põe-te a pensar
Em noites frias de encerramentos alados
E de lados trocados em viagens vazias
Onde teces a razão
E o vazio se instala em janelas abertas

Vai, vai. Vai!
Não busques mais que a vontade de o ser
Num tão forte resquício de Setembro
O longo navio de talhas cinzentas
Como o céu desta cidade
E o vento de Este sopre todo a Sudeste
É para aqui que caminha

Foge. Foge!
Para longe do mar ou das gentes das serras
E dos ventos dos lados de lá
Ou os cantos das tocas
Dos pomares e dos olhos
É para lá que caminham
É acolá que se encontram
Onde há sempre uma luz

Vai!
Para as horas melhores dos dias que passam,
Que ficam, que vão
Por trás dessa encruzilhada,
Aí onde te encontras
Entre o incerto futuro a Norte
E a certeza encontrada no Leste

Vive!
Na certeza que aqui viverás
Sem um ponto ou um dedo que aponte
Com um ar respirável que seja
Mas que o mar te escapou pelas mãos
E que voltarás sempre a ir nessa direcção
És Oeste!

a lentejo

Sei que em mim trago o tormento
Destas terras e deste lamento
As estradas são passos em falso
E o céu é um simples percalço
Aqui ando para trás com as feridas
Como as vozes cansadas de histórias sofridas
Cai a noite e não fecho estas portas
Ao passo que as árvores nascem já tortas

O mundo dá voltas e voltas
Mas alem estará sempre o Tejo
Campo em frente é tudo o que vejo
Ou a pele enrugada do sol
E a gente, outra vez tão presente
Num eterno e permanente acordar
Sem razão. De onde são?
São de além. Trás do rio. São alguém

Quando me lembro daqui
Vem-me à memória o caminho
Que ao fim da tarde e de mansinho
Vai alterando este céu, que aqui é só meu
Na planície dourada, outrora queimada
Ou verde mais forte de Inverno
És chuva e és sol mas também és frio forte
A minha sorte é voltar sempre a casa