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27-09-2011

praia

o que é feito da praia que das nossas ideias nos faz esquecer que somos corpos solitários que ao longe se avistam e confundem com o por-do-sol deste sol que é já baixo e mais quente que o outro? o que é feito do mar e do vento e da maresia que enchia estas nossas cabeças de sal e de sol e de cheiro de verão? já lá vai e a água está quente. ainda há gente debaixo dos chapéus de sol e dos toldos de lã. ainda há algodão caído na areia e bolas de sabão atiradas ao ar por sobre estas rochas. ainda há raquetes e bolas e gritos e pranchas. e corpos solitários. e corpos e cheiros. e gente. ainda há gente debaixo de nós. há os meses todos de verão a passar-nos diante dos olhos. ainda há o teu corpo e o teu coração no cotovelo. ainda há um novelo todo enrolado que eu vou puxando e a medo enrolando na mão, já sem medo. ainda há os teus olhos e os meus aqui longe, aí perto e o teu beijo escondido guardei-o na caixa. ainda há uma banda a tocar e outra que vem e outra que foi. o que é feito do castelo de areia e o castelo de pedra caído? partido. o que é feito do agosto, do julho e da tua partida? que se foda o setembro e o setembro a acabar. fecho o mês, as palavras e a caixa. e a praia, que das nossas ideias, guardei-a na caixa também.

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