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24-09-2010

um repto (de quem não os sabe dar, nem a si próprio)

deixa que os passaros te cantem

ou que a estrada te coma por inteiro,

ao comprido, estendida no chão.

 

deixa que a água te ilumine o caminho

e que saibas sempre os passos que não deves dar.

 

deixa a garganta a cantar duas vezes num dia,

só para ti, no teu quarto e na sala e na sala de estar.

 

deixa-me ir e levar desta casa o que trouxe

quando um dia cheguei cá sozinho, com nada

e com tudo cá dentro a chamar.

 

deixa-me só e nas minhas ideias e textos

que escrevo sem nexo, ou palavras perdidas

que encontro às vezes na rua e na estrada (e em ti)

ou nas casas que habito (na cama, como agora).

 

deixa-te. deixa-me e deixa-me estar.

deixa-nos ir.

 

é que já me habituei a deixar-me ficar só contigo.

e não sei se consigo deixar-me ficar

por aqui.

 

.

03-09-2010

roncos

Enormes roncos que me surgem na cabeça e me saem pela boca das ideias mal paridas. Que não tenho para mim não faço ideia o que é todo este enxerto de cutâneos movimentos. Não sei ainda o que serão estes enormes buracos nas superfícies desta pele que se me abre o interior e nele os órgãos às bactérias deste mundo. E vou tão fundo. E estou tão sujo e já dois banhos eu tomei esta manhã, naquela água da mais límpida banheira e a solidão que me assola nestes dias de Agosto. E a contra-gosto eu me encontro neste sítio. E é sozinho e é aqui só. Completamente abandonado e acompanhado de mim mesmo às duas da tarde e já o sol e são os roncos que não me saem da cabeça pela boca.

...j

e apareces tu, não sei de onde, ou sei tão bem. qual retrato enviado das areias duma praia. ou dum mar que é de ninguém, ou da gente e é com gente que me encontro a toda a hora ou só num dia. e é dia de trabalho e ao fim da tarde. foi do teu corpo que falei no outro dia. não sei se sabes.