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16-08-2010

a.gosto.de.mim

cheirei a terra e o bafo que vinha do céu, era fumo ou incenso perfumado e o cheiro era a travo de chá e de hortelã. e o chão comeu-me aos bocados. mas vivo, como a terra e o mar e o bafo que vinha do céu. a humidade aqueceu-me o sabor dos finais destas tardes de agosto. e o gosto era bom. mas a terra e o mar e o bafo que vinha do céu era de homem, de fogo. e de fogo que negra florestas. e o mar era longe. isto aqui é de pedra e de água e de terra já seca e queimada. esta terra que teima em crescer duma vez. e para o ano, já verde, até volto para te ver outra vez.

poste

E tu esperas por mim enquanto eu me encosto a uma pedra, rochedo gigante que se me rebola por cima, esmagando-me o corpo e a alma e os olhos da cara, para que te não veja a ir embora, sem esperares por mim.

choro

Por não conseguir chorar por nada. Ou por tudo o que me fez chorar até hoje. Como as saudades que sinto até ao nó. E que me secam a garganta de vos querer vivos e aqui ao pé do que fomos e seriamos (não fosse o ponto final). E choro pelos pontos todos finais que até hoje me fizeram chorar. E até pelo que já não me faz chorar eu choro. Não choro. Por conseguir não chorar por tudo. Mas choro.