30-04-2010
escrever
ou escrever só p'ra ti
ou escrever sem que vejas ou saibas.
e as vezes que forem precisas
e as palavras que forem cantadas
e as canções que não forem ouvidas
.vão ficando saradas.
e esquecer-te. e lembrar-te
e escrever isso tudo
compactar as palavras
comprimir as feridas
como eu escrevo
e encontrar-te
e fugir-te
e evitar-te
e tentar perceber
que não quero
e ausentar-me.
e voltar.
e agarrar-te.
e agarrar-me.
e comer-te. ainda que viva
mesmo a quente. e aqui.
e matar-te!
dar-te a vida.
e aqui,
e embestar-me e prender-me.
embrutecido, aprender a falar.
apodrecer na prisão.
condenar-me a mim mesmo
a uma pena de morte
em directo. e na televisão
oito horas no sofá.
e escrever-te. e escrever-te. e escrever-te.
e as conversas que tenho contigo.
e aparecer-te em fantasma.
e não.
não te atazanar o juízo.
hoje não.
e escrever-te
e contar-te esta história.
já escrita.
.Um.Dois.e.Três.
.E Era uma vez
e escr.......
01:46 | Permalink | Comentários (0)
20-04-2010
|%&!/"|
Lençóis às riscas azuis
como os dias que riscas azuis da agenda
das coisas que tens que fazer e não fazes.
que adias. que a dias se fazem.
e que idealizas fazer.
ou que riscas azuis dos lençóis desta cama
de ideias felizes.
dois corpos à vez.
e são três. da manhã.
ou já seis e azul esta hora
o sol nasce agora e renasce-me,
luminosa e azul, a vontade.
outra vez.
01:21 | Permalink | Comentários (0)
chão
Partiho o corpo.
aos bocados pequenos.
numa pequena porção
encontro-me todo desintegrado
e as entranhas partidas
em pedaços. atirados ao chão
partilho o corpo
e a boca na boca
e a mão agarrada
a um abraço arrancado.
perdido.
e desfeito.
no meio do chão
e o nariz no cabelo.
e o nariz numa pele arrancada.
suavemente arrancada
e um osso apertado
partido, moído e largado
no lixo.
no chão.
01:05 | Permalink | Comentários (0)
04-04-2010
may.be
Talvez nos encontremos um dia, talvez, um dia mais tarde. Depois da hora de jantar e em cima duma mesa de pratos vazios. E eu te espere à porta de casa. Talvez te leve comigo para longe ou para perto das nossas conversas, um dia, mais tarde. Talvez até lá me sintas a falta, como eu já sinto a tua. Mas é certo e eu sei que a hora não é a nossa... Para já.
Não penses que te quero mal por não me quereres agora. Talvez por isso te queira mais ainda, mais tarde. Talvez um dia o talvez passe a ser uma certeza mais clara e os teus olhos que hoje vejo, continuem a olhar para os meus. Talvez um dia, talvez, tenhamos uma janela aberta para nós e as noites todas passadas em claro até ao amanhecer e o sol nos venha dizer todos os dias "bom dia!".
E talvez um dia, talvez, o mundo nos mostre que talvez tenha sido melhor assim...
15:30 | Permalink | Comentários (0)