23-10-2007
fugidio
Luz, mão aberta e a mão nessa luz
Punho fechado de ideias dispersas
Sangue a ferver em pouca água no copo
Acossado por entranhas estranhas de corpos pesados
Sem vontade mais a menos e a cabeça que dói
Corpo imóvel de boneco à janela vidrada
De cima em ponto picado
(voz em recusa, a escusa é vizinha do lado)
Tacanha tamanha sinceridade de movimentos
Ou os lentos planos de transição de discurso
(o fio que não puxas é o mesmo que se te enrolará mais tarde ao pescoço)
Ou o caroço da ferida contida dois tempos
Ideais acordados de dentro do luto
(não vás tu deitar-te mais cedo sem veres a rua a saltar-te para cima)
Não esperes tal facto mais tarde cantado
À janela de baixo em ponto de contra picado
E não tardo a inventar mais conversa
A tua mente perversa inspira estas letras sem nexo
O cigarro a aguardar outras horas
(e é finalmente minuto perfeito de pôr às avessas a luz outra vez)
Numa mão e na outra fechada uma frecha de cor
Iluminada no escuro, pintada de branco escarlate
Com sabor a tomate esmagado contra a voz que vem cá de dentro
Do centro de toda a junção de ideias concretas
Discretas em si e apagadas mais tarde…
(está essa luz persistente)
E dormente qual nervo picado e cansado de arrufos suaves
Abanemos o cesto e tiremos as compras
Coloquemos pimenta e leiamos o verso instrutor
Formador de cabeças pensantes iguais às demais estreantes
(deixa estar. vou dormir)
Inchem-me os olhos de impressões lacrimejantes!
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