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27-12-2006

vem

Embebedei-me de sono
Apaguei as luzes, deixei as velas.
- se as tivesse

Contei-te até três
E pedi que viesses
Depressa…

Olhaste-me no escuro e eu vi-te
Tenho a certeza

Até já!

o natal já lá vai

Sem festas de arromba
Só as fartas comidas
Foi natal e o homem nem quis.
Não quis que o fosse
Não quis que se fosse
Mas foi-se
Mal por ele se deu.
É disto que falam?
É isto que pintam?
Eu rabisco a família, a saudade
O encontro, a vivacidade
E a vida
Pinto as mentes,
As paredes, as gentes.
Pinto tudo dum vermelho dourado
Só não pinto o menino
Muito menos o Pai.
A todos eu digo
Que o Natal já lá vai!

22-12-2006

passa

Fui-me esquivando sem jeito
Às investidas aladas do tempo.
Do tempo que com precisão e perícia
Me foi maltratando as entranhas
Resquícios da lembrança
Pouco a pouco
Cheio de manhas

Escavou forte em solo tenaz
Foi audaz esse tempo sacana,
Moldou-me a seu jeito
E saiu-lhe perfeito
Esse plano eficaz, mas terrível,
De me ver assim desolado,
Aqui de joelhos, de rastos
Aos pés do passado.

aos animais

Não basta ver que os matamos
Castramos-lhe ainda a imaginação
Ao querê-los sem sentidos
Nada de aspectos cognitivos
E suavemente repartimos,
Aos bocados, à facada,
Os lamentos da manada

Na chacina degustamos
O pobre bicho adorável
E pese embora a solidariedade
Que por vezes praticamos.
O sabor é agradável

É de mais, achá-los giros
Não há mais. Sem mais
Só eu e tu e os animais
Que os enjeitemos
E ao comermos, enjoemos
Nada de dor lhe infligiremos

Porém é bela a humanidade
Que há na domesticação
E quando um nos afeiçoa
Até gostamos, mas por pouco
Arranjamos logo outro
Que o suplante

Para mal dos meus pecados
Sou só mais um nesta selva
Somos todos… Anormais
Perfeitamente usuais
Mas humanos, convenhamos
Somos nós os Animais