25-09-2006
em branco
Arranquei-me os olhos e os ouvidos. Arranquei-os para não ouvir mais os gestos e deixar de ver as palavras. Fui-me arrancando a pele aos poucos também. Tentei arracar a cabeça, mas foi em vão. A minha vontade era a de não sei bem o quê. Talvez nem vontade fosse. Mas respirava ainda... Depois saí. Já sem olhos e sem ouvidos. Sentia-me bem, naquele instante. Depois caí. Levantei-me e comecei a ouvir de novo. Foi quando te vi. E caímos.
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19-09-2006
daltonismo das coisas
Eu, quieto fiquei longos instantes num contemplar absurdo das pinceladas azuis, feitas por cima das hastes vermelhas das paredes. Reparei que a luz do sol incidia de lado sobre as horas que o dia já carregava às costas. Intrigou-me o verde-escuro do chão que contrastava com o cinzento claro das pedras da calçada. Essas mesmas calçadas, por onde andara todo o dia, dançavam agora a um som que se evolava vindo de onde?
Esse mesmo som que ouvia desde que acordara até agora. O som, esse mesmo som que não era mais se não o silêncio imaginado da tua voz a falar-me das cores…
04:46 | Permalink | Comentários (1)
absynthe minded - my heroics (part one)
04:35 | Permalink | Comentários (1)
18-09-2006
viagem
Viagem . Conceito que é o país que se pensa pequeno e afinal? Definição sustentada pelos montes tão verdes, tão altos quando não queimados na imensidão do fumo que atravessamos. Viagem. Viagem. Termo tão grande como foi a viagem daqueles dias. Termo pequeno quando a viagem fomos nós a viajar…
18:30 | Permalink | Comentários (0)
luz
Esperança estendida à janela
Com a lua a dar-lhe de frente.
O que ainda há para vir é tanto.
Sem pranto, permaneço assim.
Ofuscado ainda pelo sol de outrora.
Acordado já pela luz permanente.
Quero ter, um dia, estes dias sempre
Porém contigo o desejo é mais premente
O que me aquece é a luz
A mesma que me ofusca.
A desse dia que vem.
Como me aquece a de ontem.
E a de antes também.
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férias (parte III)
Foi de regresso ao local já sabido
Amplamente desejado
Esperado ao longo do curso dos dias
Não estes.
Foi de revisita
Daquela gente
À Beira daqueles lugares
Tão ávida a memória que é deles
Tão longa as visões que se viram
Foi de permanência tranquila
Foi de amigos, foi de voltas
Foi de retornos há muito esperados
E o regresso p’ró ano é como a vinda deste
Ali sempre…
18:23 | Permalink | Comentários (0)