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04-10-2011

post.

Se ao longe ecoa uma voz ou um corpo dilacerado, desespera-me a garganta já gasta e o braço cansado. Na nuca uma leve impressão de faca afiada encostada e um nada na mão. E um saco cheio de pedras e areia no chão. Enroladas as duas. E três mulheres nuas. Ontem foi dia de tiros e balas perdidas às quatro menos um quarto da tarde. E um parto numa das camas do hospital, que bem ou a mal hoje arde em chamas. Chama-me tudo e joga comigo este jogo de um para dois. Rompe-me os lençóis e as feridas abertas. Calça-me as meias. E as ruas desertas. Eu vou só por ir. E volto amanhã.

03-10-2011

lu

Lu e escrevo o teu nome. Pego-te na mão e olho-te nos olhos. Como-te o pescoço, desamacio-te a péle. E suamos. Dás uma volta sobre ti e eu sobre mim penso. Deixa-me ter-te para sempre esse teu corpo e as coisas que dizes. Deixa que amanheça e fiquemos os dois só assim. És rua que nasce em poente, ora com trânsito parado, ora deserta e sem gente. És estação de comboio em final de tarde de sexta-feira de Inverno. És os quadros que ainda não pintaste. Mas és luz. És a luz. Cia, e escrevo o teu fim.