04-10-2011
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Se ao longe ecoa uma voz ou um corpo dilacerado, desespera-me a garganta já gasta e o braço cansado. Na nuca uma leve impressão de faca afiada encostada e um nada na mão. E um saco cheio de pedras e areia no chão. Enroladas as duas. E três mulheres nuas. Ontem foi dia de tiros e balas perdidas às quatro menos um quarto da tarde. E um parto numa das camas do hospital, que bem ou a mal hoje arde em chamas. Chama-me tudo e joga comigo este jogo de um para dois. Rompe-me os lençóis e as feridas abertas. Calça-me as meias. E as ruas desertas. Eu vou só por ir. E volto amanhã.
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