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29-04-2007

o que resta

Que saltem à vista tais olhos
Que me olhem em breve a cantar
É seguro o passo que dás ao andar
Da voz são só queixas, não há muito a fazer
Efémeras aproximações corporais
Nada mais.

Não toquemos no assunto
Que incomoda acordar o defunto
Da terra só vem humidade
E pujança é verdade.
Outros tempos, com sinceridade

A enxada e a vida nas mãos do Homem.

Consome-se assim a réstia de actividade
Presente nas veias
Tais teias de aranha
Em cheiro de cave profundo
Fundo o fosso apertado
Entre a vivência, o fulgor
E a experiência de vida
Acertada nem sempre
Mais perto do fim, afinal
Finalmente atingir até nunca.

Sentado à beira de casa
À porta esperar no eterno
O dia é passagem amarga
Das horas, das duras,
Das longas do sino, da gente que passa
Deixar nada a não ser a passagem
Conforme a estação
E a aragem…

Numa mão está a dor
Na outra toda a encruzilhada
E na cabeça já nada.

O Homem nas mãos duma vida acabada.