08-02-2006
o quarto
O quarto naquele dia encontrava-se assustador. O silêncio das palavras enregelava os corpos presentes. As ideias subentendidas e adivinhadas na ausência de barulho iam ganhando uma forma cada vez mais assustadoramente real.
Quase nada disseram. Mas o pouco que falaram e disseram ali ficou. Entranhou-se nos lençóis da cama e sujou aquelas quatro paredes outrora brancas.
Se fosse possível ele ficaria naquele quarto para sempre, sem mais nada a dizer, sem mais nada a falar. Permaneceria apenas deitado, quase lívido naquele estrado.
E nessa morte profunda viveria para sempre, ainda que não estivesse morto, ainda que nem vivo parecesse.
Aquele quarto era a sua vida. Ele não lho disse, mas ela também era a sua vida...
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