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18-10-2008

rasgo

Escrevendo palavras
Rasgando ideias
Apagando palavras

Movendo palavras
Tocando pessoas
Roendo palavras
Comendo-lhe os órgãos

Ouvindo palavras
Abrindo janelas
Cantando palavras
Escrevendo canções
Apagando palavras

Rasgando ideias
Cosendo palavras
Rasgando palavras
Escrevendo cidades
Rasgando pessoas
Escrevendo outra vez

Rasgando os tecidos
Pisando os sonhos
Com medo dos sonhos
Temendo pessoas
Rasgando-me a mim
Escrevendo-me em mim
Rasgando-me em mim

isto é mais uma vontade

A minha vontade é a de ir

E partir num cavalo montado com o céu pintado de azul e de negro
E os campos de branco vestidos com montes de verde às costas
E de costas voltadas para o que deixarei para trás
E ver o ferro do caminho que farei empurrando a carroça
E o fulgor duma vida num rasgo de sangue

Hei-de ser Homem que chegue e me baste
Hei-de ter um só fardo e outros tantos na mala
Hei-de abrir mais um trilho e queimar a cidade
Hei-de saltar e esbarrar contra as barreiras desta ansiedade
Hei-de engolir a terra seca da estrada do caminho que é em frente